A arte da cabeleira
Rose e Punani são personalidades com looks imprevisíveis e apaixonadas por cabeleiras. Uma arte dominada na ponta dos dedos que ainda não acabaram de explorar... As bandas retas e quadradas são mais ao estilo de Punani, enquanto que Rose tem mais afinidade pelo cabelo grande e volumoso. É uma questão de natureza e da forma do rosto. Mas com elas, tudo pode mudar a qualquer momento. Diz-se que este duo é icónico e ousado. E, portanto, imprevisível: aqui estão Rose e Punani, drag queens que têm tatuado nos locais mais bonitos de Paris desde 2012. Fashion victims, cantoras divinas, rainhas da passarela, também criam conteúdos humorísticos, como o espetáculo Les Dessous De no YouTube. Rose e Punani são personalidades com looks imprevisíveis. Histórias de humor, glamour e metamorfose. E, sobretudo, uma paixão por cabeleiras. Uma arte dominada na ponta dos seus dedos que ainda não acabaram de explorar.
Que papel desempenha o corte de cabelo/cabeleira na criação das suas personagens?
Punani: Escolhemo-lo sempre no final. Fazemos a maquilhagem, vestimos um fato de uma época específica, e depois vem a cabeleira. Realmente completa o visual e acrescenta o toque final. Dependendo do que queremos - ser deslumbrantes, por exemplo, ou um pouco mais espetaculares.
Rose: Talvez se aperceba no último minuto que não funciona de todo, então muda-a. Ou adaptam-na. É parte da transformação; e também pode ser transformada!
O que é uma boa cabeleira?
P: Não creio que haja cabeleiras boas ou más; já conseguimos pentear cabeleiras que estavam originalmente em muito má forma. Não usamos necessariamente cabeleiras que custam uma fortuna; vamos comprá-las ao Château d'eau, (metro Château d'eau, 10º arrondissement de Paris). Custam no máximo 30 euros e nós damos-lhes várias vidas.
R: No início, assim que saem do saco, estão um pouco planas e demasiado bem penteadas e, à medida que o tempo passa, acabam por evoluir. Escovamo-las, hidratamo-las, aparamo-las. Arranjamo-las sempre à volta do nosso rosto quando as usamos. Ficam mais precisas. É um material criativo muito importante para nós.
Realmente completa o visual e acrescenta o toque final.
O que fazer e o que não fazer em termos de combinações penteado/vestuário?
P: Temos cuidado com as combinações de cores. Não sei se se atreveria a usar uma cabeleira laranja com um vestido laranja. Se um visual tiver muita informação, usaremos algo longo e simples. E se tivermos um colarinho alto, garantimos que não tapamos a cara; que tudo fica um pouco mais visível.
R: Por exemplo, não escolhemos cabelo comprido se tivermos roupas com lantejoulas, porque visualmente fica uma confusão atroz. Também é preciso ter cuidado com os materiais, há coisas em que o cabelo pode ficar preso. O lado prático é importante.
Como fica o seu cabelo real debaixo da cabeleira?
R: O cabelo sofre um pouco debaixo da cabeleira. Fica bastante oleoso, com uma forma estranha e achatada, e por vezes até vinca com as dobras da cabeleira. Por isso digo que tenho o cabelo da Marion Cotillard em La Môme. (risos)
P: Sei que o meu cabelo está quase a ser vaporizado por baixo, por isso não faço um tratamento antes, mas sim depois.
É um material criativo muito importante para nós.
Como é que se faz a manutenção de uma cabeleira?
P: Escovamo-la a toda a hora. Antes, para que não fique emaranhada, uma vez que a temos colocada, e depois antes de sairmos para fazer o nosso espetáculo. Para as cabeleiras muito longas e fluidas, por vezes hidratamos as pontas, de modo a que fiquem um pouco mais pesadas. Procuramos que tenham um bom caimento.
R: Quando a cabeleira começa a ganhar eletricidade estática, ou quando as pontas espigarem, usamos um alisador a vapor (como para engomar roupa), e suaviza-se bem. Manter as cabeleiras dá imenso trabalho!